Cristina Celestino: arquiteta por formação, designer por paixão
Nascida em Pordenone, no Friuli, a arquiteta e designer italiana Cristina Celestino descobriu sua paixão pela arquitetura ainda no ensino médio, inspirada pelas aulas de História da Arte.
Foi nas aulas de História da Arte, ministradas por uma professora que era arquiteta, que Cristina Celestino teve seu primeiro contato com obras de Le Corbusier, de Adolf Loos e Mies van der Rohe — experiências que despertaram seu fascínio pelo modo como o habitar podia ser pensado de forma tão sensível e complexa. Essas aulas foram determinantes para sua escolha profissional, levando-a a cursar Arquitetura na IUAV de Veneza. Cristina aprofundou seu olhar estético e histórico, o que, somado ao hábito de colecionar peças de design, despertou um interesse crescente pela materialidade, pela escala dos interiores e dos produtos. A transição natural da arquitetura para o design se consolidou em Milão, para onde se mudou em 2010, quando começou a trabalhar com design de produto e interiores, fundando em 2011 a sua marca Attico Design. Desde que passou a carreira solo, assina projetos residenciais, comerciais e hoteleiros, além de atuar como diretora criativa e designer de produtos. Sua abordagem une pesquisa histórica, precisão geométrica, valorização da natureza, dos materiais e escuta ativa. Cristina colabora com marcas como Fendi Casa, Fornace Brioni, CC-Tapis e Moooi, traduzindo tradição e inovação em uma estética contemporânea e casa poética. Ela constrói sua linguagem no ponto de encontro entre arquitetura, design e história. “Comecei como colecionadora, queria tocar o design com as próprias mãos”, relembra. Influenciada por Le Corbusier e Loos, mergulhou no estudo dos interiores e da relação íntima entre espaço, matéria e objeto. Para ela, revestimentos e pisos são produtos que pertencem tanto ao design quanto à arquitetura: “Eles constroem o invólucro e definem a alma de um espaço”. Com sensibilidade poética e rigor técnico, Cristina desenvolve projetos que fundem pesquisa estética, geometria e memória tátil. Seu objetivo é sempre “caracterizar um interior e buscar um mundo de referência” que torne cada ambiente uma narrativa visual. Entre prêmios e colaborações internacionais, sua assinatura traduz o diálogo entre matéria e emoção, entre contenção e expressão. Arquiteta de formação, Cristina Celestino se define como designer autodidata — uma criadora que escuta com o olhar e sente com as mãos. Formada em Veneza, deu seus primeiros passos no estúdio do arquiteto Massimo Carmassi, em Florença. Mas foi em Milão, onde o design pulsa em cada esquina, que encontrou seu verdadeiro caminho: “Precisava me aproximar do design e dos interiores.” Mesmo contratada por um escritório, dedicava-se nas horas vagas ao desenho autoral. Em 2011, fundou o Attico Design, estúdio onde suas investigações ganham forma em objetos poéticos e sofisticados. No ano seguinte, sua estreia no Salone Satellite marcou o início do reconhecimento: “Fui muito bem recebida, isso me deu um empurrão para seguir.” A consagração veio em 2016, com a colaboração para a Fendi no Design Miami, onde reinterpretou em uma coleção especial os códigos da Maison com liberdade criativa. Hoje, premiada e respeitada internacionalmente, figura entre os 100 nomes mais influentes do design segundo a Architectural Digest. Além de muita pesquisa, Cristina considera a escuta uma ferramenta essencial no design. “A abordagem que adotamos para projetos de design de interiores é a mesma que damos para o produto.” Para ela, escutar o lugar, os espaços e o cliente — seja privado ou uma empresa — é o ponto de partida para criar com verdade. Sua escuta sensível já deu origem a parcerias com marcas como Fendi, Fornace Brioni, CC-Tapis, Moooi, Sergio Rossi, Diptyque, Pianca e Botteganove. Arquitetura, história e natureza são fontes contínuas de referências e inspirações. Seu maior desafio é respeitar os códigos estilísticos do cliente – “mantendo a autonomia do nosso signo”, enfatiza. Ela revela seu apreço por espaços carregados de memória, onde o novo deve dialogar com o passado. Desde o início de sua carreira, Cristina constrói uma trajetória transversal, equilibrando arquitetura, design de interiores e design de produto. Embora confesse uma paixão particular pelo universo dos objetos, seu estúdio hoje atua em diversos segmentos, com foco crescente na área da hospitalidade e em interiores residenciais. Um exemplo é a cobertura em Roma, localizada em um edifício racionalista, onde o desafio foi suavizar a rigidez estrutural com aberturas generosas que conectam o espaço à luz e à paisagem urbana. Como uma das poucas mulheres a ocupar posições de destaque no setor, Cristina é direta ao abordar a desigualdade de gênero: “Ainda há poucas mulheres que chegam a certos níveis. É uma questão do cotidiano, não apenas da profissão.”