Daniel Fromer: arquitetura, terra e mar
Vindo de família com muitos profissionais da área, e que um dia pretendeu trabalhar no setor naval, o arquiteto Daniel Fromer dedica boa parte de seu trabalho a projetos de casas de campo e de praia.

O arquiteto Daniel Fromer nos recebe com orgulho em uma das casas quadrigêmeas do Jardim Paulistano, SP, antiga residência modernista projetada pelo curitibano Vilanova Artigas (1915-1985), arquiteto, urbanista, engenheiro e professor, um dos pilares da chamada Escola Paulista, autor do Estádio do Morumbi e da FAU-USP, depois de lá ter estudado, e de outras casas maiores e edifícios como o icônico Louveira, em Higienópolis. Daniel, de família lotada de outros profissionais da área, e que um dia pretendeu trabalhar em seu setor naval, fez dali, em tempos pandêmicos, um QG completo, misto de lar na parte da frente, e escritório para seu time na antiga sala de jogos. Rodeado do verde revisitado pelo paisagista Rodrigo Oliveira, ele circula com a segurança de quem soube repaginar o ‘cubo branco’ e sem grandes luxos, e trazê-lo de volta a uma nova atividade total. Iniciado no escritório de Maurício Kogan, foi parceiro profissional, desde 2003, do falecido Renato Marques, mestre na arquitetura rural, “com quem aprendi a conhecer e amar as técnicas tradicionais de construção da ‘Casa Brasileira’, bem como suas proporções e propostas”. Sócios, desenvolveram projetos de praia e campo. Em 2008, por indicação de Renato, Daniel chega a Santo André, sul da Bahia, e a paixão pelo lugar foi imediata. “Primeiro projeto: uma casa para minha mãe toda em madeira, na linguagem da mão de obra local derivada da tradição de construção de barcos”. Desde então lá desenvolve projetos à beira-mar mar, às margens do Rio João de Tiba ou no alto dos outeiros. “Opto por materiais locais, naturais: tijolo, barro, pedra, mas a madeira… de preferência, as de demolição como ipê ou peroba para estrutura, pisos, paredes, e pinho de riga para o mobiliário”. Encarando seu próprio trabalho, “as características estéticas básicas são a simplicidade com elegância, o minimalismo com acolhimento, a casa como abrigo em meio à natureza circundante, com pouso delicado da construção no terreno”, como diz. E seu escritório passa por uma fase muito rica: “Chegamos numa maturidade projetual, refletida numa ampliação da escala e abrangência dos nossos projetos”. E Daniel encerra: “Sinto que o fortalecimento da equipe nos prepara para passos maiores no futuro, ampliando nossa atuação para projetos, por exemplo, de hotelaria na natureza exuberante do nosso país e, quem sabe, também para além… Adoraria ter a oportunidade de projetar barcos, meu grande sonho de adolescência”.