Daphne Desjeux: “Sou uma arquiteta maximalista"
Expert em “hospitality”, a arquiteta de interiores francesa Daphne Desjeux desenha ambientes repletos de texturas, estampas e personalidade de sobra para hotéis, resorts e restaurantes.

No ateliê montado em um dos cômodos do apartamento onde mora, em um prédio típico “haussmaniano” (construído em meados do século 19) no charmoso bairro do Marais, em Paris, Daphne Desjeux pilota uma intensa agenda de viagens para acompanhar seus projetos em grandes empreendimentos, espalhados pelos quatro cantos do mundo. De quebra, ainda encontra tempo para coordenar a rotina de dois filhos pequenos. “Todo o momento que posso estar com eles é precioso e fico feliz que consegui unir casa e trabalho sem tantos conflitos”, diz ela, que recebeu a equipe de FLO com café, biscoitos e muita simpatia para um papo informal na sua sala. “O lugar em que moro reflete muito da minha história e traz um mix de diferentes estilos. Acredito nessa estética plural para tornar um espaço mais pessoal e interessante”, afirma. Nascida em Paris, Daphne desde muito jovem frequentou o universo artístico e da moda, algumas de suas referências e paixões. “Minha mãe trabalhava em uma agência de modelos e eu a acompanhava em desfiles e via a transformação dos cenários, que ganhavam cor e fantasia como um passe de mágica. Isso me fascinava”, conta. Formada em Jornalismo, foi apresentadora de TV no início de carreira até resolver mudar de vida: há 15 anos se formou na parisiense École Boulle como designer de interiores, especializada em restaurantes e hotelaria de luxo. “Ainda na TV eu sempre me interessei pelos cenários e o quanto eles podem passar uma emoção. Hoje, me defino como uma contadora de histórias meio obcecada com os detalhes”, diz. Fã de veludos, estampas e texturas, Daphne está longe de se definir como básica. Nos ambientes que levam sua assinatura - como os hoteis Babel, Snob, Louvre Piemont, Suki restaurante, além do Mondaine, da Paris Society, empresa que é sua cliente fiel, e para onde ela desenha, no momento, um hotel 5 estrelas em Bombaim, na Índia -, há em comum atmosferas, no mínimo, impactantes. “Acho que são lugares convidativos, o tipo que faz a pessoa se surpreender e querer perder um tempinho degustando os detalhes e histórias por trás de cada peça. São espaços vivos e instigantes”, define ela que se inspirou na atmosfera kitsch de Paris dos anos 70, e em ícones como Yves Saint Laurent e Serge Gainsbourg, por exemplo, para desenhar o lounge do Mondaine. “Sou uma maximalista. Em cada parte do mundo que faço um projeto gosto de mergulhar no universo local, entender como os artesãos ali produzem, para poder trazer essa cultura estética particular para os ambientes. E sou obcecada com detalhe, da cadeira à estampa, passando pelo tapete até o puxador da porta, em geral desenho tudo, criando um mix exclusivo em cada lugar que leva minha assinatura”, revela. Daphne classifca as cores e o mix de texturas brasileiras como impressionantes. “Adoraria ter chance de fazer um projeto no Rio”, conta ela. No momento, a profissional francesa se vê às voltas com projetos para a Paris Society Internacional: em Bombaim (um hotel cinco estrelas, inspirado na atmosfera do Studio 54 de Nova York) e, ainda, o restaurante do Mondaine Istambul, em um espaço generoso de 1500m2. “Acho que meu estilo é ser pouco convencional, não seguir fórmulas e unir o retrô com o contemporâneo."