Frances Reynolds: arte inclusiva
Argentina radicada no Brasil é a responsável pelo Instituto Inclusartiz, organização cultural que investe na formação de artistas e curadores.

Era o final dos anos 1990, e a empresária argentina Frances Reynolds, morando e desenvolvendo seu trabalho no Brasil, criava grandiosas e importantes exposições de arte de muito valor, com peças altamente representativas de diversas culturas e etnias de diferentes países, inclusive o Brasil, e/ou históricas e literalmente reais de museu. Como a vinda para o MAM/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro de boa parte do acervo do colecionador e seu conterrâneo Eduardo Costantini, que poucos anos depois abriria o seu MALBA/Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires; e também dos espanhóis e madrilenhos Museu do Prado e Reina Sofia que, com suas peças do século 19, enriqueceram uma mostra poderosa no MNBA/Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, visitada oficialmente na época, em sua abertura, pelo rei emérito da Espanha Juan Carlos e sua rainha Sofia, pais do atual monarca do país, Felipe VI. Em paralelo a estas atividades nobres realizadas em grandes instituições, o interesse de Frances pela arte de forma inclusiva florescia e tomava corpo com a criação de seu centro cultural INCLUSARTIZ, há 25 anos. Sediado no bairro histórico e boêmio da Gamboa - em prédio com fachada do século 19 tombada na Praça da Harmonia, cujo nome determinou a escolha do local -, na área central do Rio de Janeiro, o instituto fundado e presidido por ela já nasceu trazendo um resgate do próprio lugar, dando nova luz a este trecho do Rio Antigo. No trato engajado da produção artística popular no Brasil, Frances apostou desde o início na diversidade cultural, na inclusão social, nas parcerias visando uma programação educativa e o acompanhamento do processo da carreira dos artistas, junto com uma programação de bom nível, pesquisa, consultoria, curadoria… em diálogo aberto e compromisso importante com a região em que instalou suas ideias. Incentivando jovens à formação universitária através de bolsas de estudo voltadas à arte, o Inclusartiz vê e age sobre o todo: “pessoas de todas as origens: amazônica, afro-descendente, indígena, branca…”, segundo Frances Reynolds, que completa suas falas com frases assertivas de seu repertório coerente e sempre empreendedor. Ela diz para nossos vídeos exclusivos da FLO: “O que a gente recebe, tem que passar para a frente”. E completa, compartilhando com profundidade e sempre animada: “Temos que aprender a ser criativos, ter gás para fazer”. Apostando nos seus artistas revelados ou em processo, a conselheira de diversos museus e outras instituições no Brasil e fora aconselha que todos devem decolar: “Voe alto! O céu é o limite”.