Maneco Quinderé: luz das estrelas
Para o light designer piauiense Maneco Quinderé, sua própria vida é 100% luz. A ponto de ter o desenho de uma lâmpada tatuada no braço, e afirmar: “Devo minha vida a Thomas Edison!”

Luz é tudo!, dizem. Para o light designer piauiense Maneco Quinderé, criado em Fortaleza e morador do Rio de Janeiro durante o maior número de décadas dos seus inacreditáveis 60 anos, sua própria vida é 100% luz. A ponto de ter o desenho de uma lâmpada incandescente tatuada no braço, e afirmar com orgulho: “Devo minha vida a Thomas Edison!” (o criador da lâmpada elétrica, em 1879). E sua carreira teve um pontapé inicial quando, aos 17 anos, e já incentivado pela mãe a enveredar pelas artes, foi convidado a ser contrarregras de uma peça de teatro. Ali surgiu no grupo da montagem a dificuldade no entendimento do projeto de iluminação do palco - o que ninguém conseguiria fazer, o menino alto (quase 1,90m) e magro tirou de letra, e nunca mais parou. Foi assim tão coerente que focou não só nas luzes da ribalta, mas em todo o jogo de luz do teatro, e até se casou com uma atriz, a mãe de suas duas filhas: Laura, de 23, e Isabel, com 20 anos, hoje. Com um currículo invejável, o artista-técnico autodidata aprendeu tudo nos livros importados comprados na Livraria Da Vinci, no centro do Rio, em viagens à Europa para ver encenações e, somando à prática, chegou nas estrelas - iluminou Fernanda Montenegro na peça “Dona Doida”, entre outras, Marco Nanini em “Irma Vap” por anos, Marieta Severo em muitas, e Miguel Falabella em todas. Renata Sorrah em suas peças profundas como Um dia de verão também, e Wagner Moura, cujos sete castelos em “Hamlet” a foram iluminados por ele. “Já os musicais são mais complicados”, diz Maneco, que também os enfrenta. Na moda foram 53 passarelas iluminadas por ele no SPFW - participou de todas as edições até hoje. E trabalhou para um desfile de Ocimar Versolato na Sala São Paulo. Nos video clips, foi parceiro de Gringo Cardia, jogando luz em Mariah Carey, até que os holofotes ganharam também uma outra direção, a da arquitetura. A convite de Claudio Bernardes, em 2000, foi iluminar um projeto de uma casa assinada por ele e Paulo Jacobsen. E nunca mais parou também nessa área. Hoje Maneco tem sólidas parcerias com estrelas como Cecedo, apelido de Jacobsen, Arthur Casas, Miguel Pinto Guimarães, Lia Siqueira e Dado Castello Branco, que sempre requisitam sua arte. Academias como as cadeias Body Tech e Smart Fit recorreram a Quinderé para criar seus conceitos de novo tipo de iluminação para a prática dos treinos, assim como fez a rede de lojas Fast Shop, e unidades de marcas famosas como Lenny Niemeyer e Osklen, em SP. Aconteceram ainda iluminações de fachadas como a do Arquivo Nacional, no Rio, e de todo um edifício institucional do SESC/SESI em Brasília, assinado pelo arquiteto mineiro Gustavo Penna. E a participação em mostras como a Casa Cor Rio e a paulista e extinta MostraBlack na capital paulista. Com o orgulho de estar casado com outra Luciana, a Lu Algarte, designer de interiores/produção visual, e mãe de Antonia e Olivia, Maneco Quinderé continua um curioso na profissão que escolheu, espera sempre ter liberdade de criar e confessa a vontade de acertar: “A luz nem sempre é essencial. Ela deve ser calculada, e ainda existe a sombra”, ele explica enquanto mostra muito à vontade, e com orgulho, os dois apartamentos no mesmo andar de um prédio antigo do Rio onde convivem, de um lado a casa, e de outro seu escritório.